sexta-feira, 30 de maio de 2014

A 24 de maio ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR
Um estudo sobre o risco de inundações no país concluía que Coimbra é a cidade com mais edifícios (1278) expostos às cheias. Entretanto, com tanta areia em falta nas nossas praias, não há novas nem mandadas sobre o desassoreamento do leito do Mondego. Pode ser que os interesses das seguradoras – e Deus sabe como eles são poderosos! – venham a jogar a nosso favor...

Quero acreditar nas palavras do secretário-geral da Queima das Fitas quando enfatizava que, no decorrer do cortejo dos quartanistas, foram assistidas 30 pessoas por intoxicação etílica – belo nome para a vulgar bebedeira – das quais apenas 10 foram transferidas para o hospital. Contrariando, assim, a matéria de preferencial interesse para a imprensa nacional, é bom que a academia, para além de ainda evidentes excessos, vá corrigindo o objetivo principal da festividade, que passa, obviamente, pela celebração salutar, pelo aprofundamento da ligação às Escolas e à cidade. Só alcançável, reconheça-se, em estado de lucidez.

O município do Porto e o Estado assinaram – congratulemo-nos – um memorando de entendimento com vista à viabilização económica e financeira da Sociedade de Reabilitação Urbana daquela cidade, que prevê, designadamente, um contrato-programa de dois milhões de euros anuais, metade para cada acionista, por um prazo de cinco anos. Quanto à SRU de Coimbra...

A Associação Nacional de Municípios Portugueses, entidade da maior relevância política, aqui sediada, comemorou, parabéns, em Coimbra e na Figueira da Foz, o seu 30º aniversário com festividades que privilegiaram as memórias e a raiz popular em que se fundamenta o poder local.

A Câmara de Coimbra atualizou os prémios do seguro para bombeiros acidentados em ações de combate ao fogo, que ficam agora 80 vezes maiores. Uma medida justíssima e, dizem-me, com os mesmos custos, que desejavelmente deverá ser seguida pela ANMP no sentido de promover o alargamento de tais benefícios ao país inteiro, em favor não de um qualquer interesse pessoal, antes de todos os que, no terreno, servem as comunidades. Para, amanhã, não se ouvirem tantas queixas sobre os parcos valores atribuídos em horas mais difíceis.

Até onde consegui vivenciar, correu muito bem a celebração do Dia dos Museus, com ampla adesão da cidade. Agora, para ser ainda maior o êxito da Rede em boa hora instituída, só fica a faltar a rápida implementação (anunciada já no passado ano) do sistema de bilhete único – estimamos que as dificuldades técnicas possam, por fim, ser finalmente ultrapassadas – para, então, em benefício da cultura e do turismo de Coimbra, nos regozijarmos por inteiro.

Acabou a belíssima página "No jardim há histórias sem fim", exemplo acabado de bom jornalismo, que contou, no Diário de Coimbra, ao longo de 52 semanas, "histórias e estórias" em redor do nosso magnífico Botânico. Ainda deliciado, e porque não as colecionei, fico a aguardar a prometida compilação em livro.

Morreu D. Eurico Dias Nogueira, as minhas homenagens, arcebispo emérito de Braga, mas sempre tão ligado a Coimbra, onde se formou para a vida eclesial; que bem me soube percorrer, no sábado passado, a "calçada"– as ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz, para quem não se lembrar – sempre ladeado por flores e plantas (era a sua festa), por entre bancas etnográficas e sons tradicionais; relevante, sempre, decorreu esta semana, organizada pelo ISEC, a Fenge – Feira de Engenharia de Coimbra; e gostei da iniciativa "Vinhos do Centro-Dão &Bairrada", promovida pela Escola de Hotelaria, e que concitou já, assim respondendo à sua obrigação de se mostrarem também perto de casa, a participação de uma vintena de produtores da nossa região.

A autarquia, juntando o livro e o artesanato, a que acrescenta a música, artes plásticas e gastronomia, organiza, de ontem até 1 de junho, no parque Manuel Braga, a Feira Cultural de Coimbra. Uma aposta cujo êxito a cidade ambiciona e da qual, para tanto, estou certo, irá bem usufruir. Lá nos encontraremos, alfarrábio numa mão, petisco na outra...


António Cabral de Oliveira

A 17 de maio ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Ana Abrunhosa será a nova presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro. Em prova, afinal, de que o governo não erra sempre.

A Refer terá assegurado à Câmara Municipal a requalificação da estação de Coimbra B aquando dos trabalhos de modernização da Linha do Norte. Comprometendo-se com o anúncio, já para o próximo mês, da estratégia de intervenção e a definição de prioridades, aguardamos (desconfiados embora, depois de tanto desencanto), sobre prazos e dimensão da obra. De um projeto que, exige-o a urbe e o país, se quer não apenas digno, antes (para além da atávica indigência lusa) ambicioso e intermodal, voltado para os desafios do futuro. Também porque, sem aeroporto, o equipamento a construir será sempre a nossa principal porta de entrada, a primeira imagem da cidade.

Ao ler sobre o património da extinta Assembleia Distrital – o Jardim da Manga, o instituto Miguel Torga, o aeródromo de Cernache... – lembro sempre uma antiga alta figura da igreja que, quando confrontado sobre o quanto bem se dava uma determinada família, questionava sem exceção: e já fizeram as partilhas?...

Gostei de ver Carlos Cidade a acompanhar os serviços de higiene durante as operações de limpeza logo após o cortejo da Queima. Já o mesmo não poderei dizer em relação à forma como elogiou, na sessão da edilidade, o esforço municipal naquela operação, em meios humanos e técnicos, ao privilegiar, sempre a mesma preocupação de achincalhamento, a comparação com o passado recente. Se queria sublinhar, historicamente, algo de relevante, mais valia ter recordado a ação pioneira de Viterbo Correia quando, nos idos de 80, se lembrou de instituir, imediatamente a seguir àquele, o "cortejo da Câmara". Num tempo em que, curiosamente, Manuel Machado era também vereador.

O Exploratório recebeu, não faz muito tempo, um encontro nacional de aquariofilia, destinado a sensibilizar as crianças e os adultos para a sua beleza e fascínio, ainda para promover e divulgar as atividades dos aquários públicos. E foi olhando aqueles tanques de encantamento que dei comigo a pensar – para o que havia de me dar! – no projeto de construção, em Coimbra, recordam-se?, de um fluviário que nos contaria a vida do maior rio português. Empresa, porventura, também ela perdida para sempre...

Um jornal do Porto noticiou, e bastava-lhe olhar ao redor, que Portugal possui a quarta melhor rede de estradas do mundo. Qualquer outro diário de Lisboa, e com razões acrescidas, poderia também fazê-lo. Os de Coimbra, esses, sem vislumbrarem a tal rede por estas paragens, estão impedidos, não desconfiando, de o escrever! Pena nossa...

Parece confirmar-se, por fim, excelente nova, a abertura, em junho próximo, do hotel Oásis Plaza, na Figueira da Foz. Agora, só nos fica a faltar um cinco estrelas em Coimbra. Para, indispensavelmente, qualificar o nosso turismo.

Valorizo, naturalmente, a Expofacic, que acompanhei logo na primeira hora, e procurei contribuir, de forma empenhada, na recuperação da Queima das Fitas, que esta semana voltou a marcar, felizmente, a cidade. Daí estar à vontade para dizer ao secretário-geral da festa académica que comparar, em termos de maior evento da região, haja a noção das realidades, uma com a outra, não lembraria...nem ao diabo!

A UC pode finalmente requalificar, para o Direito, de acordo com projeto de Siza Vieira, a bela Casa dos Melos e a do Contador; o Instituto Superior Bissaya Barreto, em sinal significativo e preocupante quanto aos caminhos por que segue a Fundação em que se ancora, não vai abrir vagas para as suas licenciaturas no próximo ano; as faculdades de Letras e de Ciências foram distinguidas pela Gulbenkian por sempre bem-vindos projetos inovadores no domínio educativo; voltou a ouvir-se, rejubilemos, o histórico e magnífico órgão de tubos do Mosteiro do Lorvão; "Turismo e cultura: destinos e competitividade" é o título de outro livro, com certeza relevante para o estudo e desenvolvimento do setor no nosso território, agora editado pela Imprensa da Universidade; depois do vagão de um comboio descarrilar na linha da Beira Alta, não deixará – sabe-se quem e porquê – de se voltar a reclamar a construção de uma novíssima (onde tal não poderá, nunca, acontecer!) via férrea; e hoje à noite e amanhã, não o esqueçamos, vamos todos festar ao Machado de Castro, aos muitos museus da cidade.

António Cabral de Oliveira


A 10 de maio ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

O guião para a reforma do Estado prevê, substantivamente, fusões, restruturações, introdução de eficácia e, ora eis, mágico conceito da nossa vida política, a "centralização de funções". Por que razão, deveríamos perguntar-nos todos, a receita da troika para a Grécia foi uma maior regionalização, para nós – que mal teremos feito ao mundo? –, mais, sempre mais centralismo.

Andam no ar mosquitos por cordas depois da aquisição de uma viatura "topo de gama" para a câmara municipal. Continuando a considerar, seguramente para escândalo de muitos, que o exercício do poder exige o seu aparato, não é aquela compra que me inquieta. O que me preocupa, na autarquia, são outras e bem mais profundas questões. De que, neste espaço, tenho procurado dar conta…

Num tempo em que, olhos no futuro, reuniu, ontem, aqui, a assembleia geral da UCCLA-União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, cheguei a ficar apreensivo por não encontrar, nas primeiras notícias, a indicação de que Coimbra fazia parte do grupo fundador da Rede Nacional de Cidades Inteligentes. Afinal, atrasado embora, o nosso município foi, e bem, um dos que rubricou, no Porto, a adenda que o passa a integrar naquela entidade que procura o desenvolvimento e a qualidade de vida.

“Lindíssimos” – e, como duvidar, também absolutamente enquadrados no património edificado! –, a mesa e seus bancos (porventura para apoio a viandantes dos Caminhos de Santiago que procurem o albergue de peregrinos da Confraria da Rainha Santa, talvez apenas para singelo piquenique) que, adornados por não menos “belas” floreiras, agora se erguem, no terreiro da Igreja, em Santa Clara-a-Nova. Valha-nos Isabel, padroeira de Coimbra...

Notei, com agrado, que o Turismo de Portugal esteve em visita de trabalho no Palácio de Belém onde procurou sensibilizar o Presidente da República para a importância de ser fomentado o turismo nas regiões do Norte, Centro e Alentejo, que não apenas nos destinos já consolidados de Lisboa, Algarve e Madeira. Aí está, Pedro Machado, mais do que as fartas mesas, um projeto que pode revestir-se de substantiva importância para a região da Beira.

Estou cansado de ver os atletas que representam Coimbra equipados de amarelo e roxo, não com certeza por uma questão de gosto, antes porque os seus dirigentes estão convictos de que, de tal jeito, estão a envergar as cores da cidade. Mas não. De acordo com a portaria 6959, de 14 de novembro de 1930, que regula a matéria, a bandeira do município é, definitivamente – atente-se nos estandartes disseminados pela urbe –, "quarteada de amarelo e de púrpura". Assim mesmo, de uma vez por todas, púrpura, de nobreza e poder, sobre o ouro, de valor e riqueza, que ali...é amarelo...

A Quinta das Lágrimas, com novo diretor e profunda alteração do restaurante Aqua, que é agora (como evitá-lo?) Pedro e Inês – gosto, para além do logotipo, dos renovados conceito e apresentação; apreciei, aí sem novidade, a cozinha e o serviço – passou, também nas peças gráficas, talvez não para compensar a saída da Relais et Chateaux, a...Palace.

Morreu Veiga Simão, governante do antes e do depois de 25 de abril, prestigiado académico de Coimbra que trouxe as engenharias para a sua universidade, disseminou o ensino superior pelo país inteiro; obra assim perfeitíssima – não nos esqueçamos, apenas um exemplo, que a comarca de Coimbra (a judicialização da justiça?) tem a posse da sua presidente suspensa por uma providência cautelar – a ministra da tutela já admite o adiamento da reforma judicial; não imaginam a dificuldade que tive para encontrar um café, ou estabelecimento similar, onde ver, pela televisão – exceto o S. José, estavam, sintoma da cidade que somos, a dar o Benfica – o último jogo da Académica; foi iniciada a (re)construção – à espera da próxima enxurrada? – da ponte pedonal de Torres do Mondego; o prémio Bluepharma/UC distinguiu um projeto sobre tratamento precoce de cancro, de uma equipa da Nova de Lisboa; José Eduardo Simões oficializou a sua candidatura a um quarto mandato na AAC-futebol; finalmente, já não era sem tempo, está aprovada a revisão do Plano Diretor Municipal; e tem hoje início, não o esqueçamos, em Santo António dos Olivais – sabem, as sardinhas assadas, os carrosséis –, a tradicional romaria do Espírito Santo.


António Cabral de Oliveira

A 3 de maio ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Percursor, dizem-no os sábios, da urbe multicultural e aberta, concretizador desta cidade cosmopolita, fraterna e inclusiva, D. Sesnando, o político que estará na génese da afirmação administrativa de Coimbra – ponto de encontro entre os povos do Norte e do Sul –, vai ser agora celebrado, sob a égide da universidade, por ocasião dos 950 anos do seu governo. Pode ser que a câmara municipal entenda ser esta a oportunidade para, ainda no ano corrente, sem se delongar até à comemoração do milénio da efeméride, fazer erigir, de modo justíssimo, estátua que, no tempo, fique a perpetuar dignamente, porventura junto à Sé Velha, tão destacada personagem da nossa História.

Vem aí a Queima das Fitas. Mais do que os costumeiros e generalizados excessos alcoólicos, apetece-se, escreveriam os jornais antigos, que a academia – seguindo ou não os ensinamentos do curso da Escola Superior de Enfermagem sobre, ao que nós chegámos, a forma de "sobreviver" às festas – saiba, antes, como aliás bem aconselham a idade e as circunstâncias, divertir-se...

Demorando-se, quase infinitamente, por muito pouco ou nada de importante, a Assembleia Municipal – cuidado porque a sugerida transmissão televisiva em direto, ao invés da credibilização que se pretende, pode tornar-se, antes, na generalização do descrédito – lá cumpriu, esta semana, apenas parte da agenda imensa. Com a prevalência, natural ou contraditória, do peso da maioria camarária…que ali não deixa, nunca, de se refletir!

Depois de encerrada por três meses, reabriu, condicionadamente embora, a EN 110, que liga Coimbra a Penacova. No entretanto, e com evidentes prejuízos para as populações, a 17-1, de Miranda do Corvo para o Espinhal, derrocada desde 11 de fevereiro, continua, à espera de obras, cortada ao trânsito. Com tal capacidade de resposta para solucionar problemas correntes na rede existente, como poderemos nós ambicionar, da parte da Estradas de Portugal, a outros, imprescindíveis e mais profundos, projetos viários?

A CDU, que não está com meias medidas, pediu, nem mais, a extinção da Metro Mondego e, valha-nos ao menos isso, a eletrificação do Ramal da Lousã. Não por ser demasiado caro, sequer porque supérfluo, antes, pura e simplesmente, porque o projeto significaria...a privatização de transportes. Deus nos ajude!

Não consegui, como gostaria, estar presente na tertúlia de apresentação da Rota dos Cafés com História, uma válida iniciativa de Vítor Marques, do magnífico Santa Cruz, que assim alcança agregar aqueles significativos estabelecimentos, os seus proprietários, e os agentes culturais e de turismo. Quanto excelente vai ser tal rota de duas dezenas de cafés históricos, "marcas e identidades", no país inteiro, que podem finalmente ver potenciadas a sua preservação e divulgação enquanto património relevante. Com Alexandre Marques no pensamento, um abraço.

Interesses, outros, que não os das comunidades locais, persistem na construção da mini-hídrica do Mondego. Determinados, haveremos de encontrar formas que obstem a tamanho crime não apenas ambiental.

Em desmesurada preocupação com a nossa saúde, que chega aliás a ser comovente, o governo (que mais inventarão?) pensa em sobretaxar hábitos horríveis como o consumo de sal, de açúcar, de álcool, de tabaco, até de refrigerantes. Enquanto o Estado não garante uma dose de substituição para os meus fumos – chamem-lhe charutadona, o que quiserem – começo a admitir um regresso às compras em Espanha. Sempre poupo qualquer coisa, enquanto me passeio. Para proveito pessoal...e das finanças do país vizinho!

Dias Coimbra, os meus respeitos, deixou, ao fim de 32 anos, a AIRC, de que foi fundador, e onde era administrador-delegado; outra vergonha para a academia o que agora aconteceu em ato eleitoral do núcleo de estudantes da faculdade de Direito; a Académica-futebol inaugurou, por fim, no estádio, a poucos dias de eleições, a Sala de Troféus Vasco Gervásio; quase sem divulgação, uma pena, decorreu, na Baixa, a Feira das Associações; o Jazz ao Centro, parabéns, fez anos e anunciou a programação, sempre marcante, do próximo encontro internacional de Coimbra, que decorre entre 29 de maio e 1 de junho; a AAC sagrou-se campeã nacional de sub-18 em râguebi; apesar da chuva, a Colour Run foi um êxito; e a Feira Antiga de Santo Isidro voltou a animar, muito bem, a Escola Superior Agrária.

António Cabral de Oliveira

A 26 de abril ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Compreendo, inteiramente, a indignação e revolta dos autarcas e populações da Beira quanto aos permanentes e reiterados esquecimentos por parte do governo central. Daí o meu incentivo a que, sem receios, se vá, vamos todos, "até às últimas consequências" na legítima defesa dos direitos de quem tem cumprido, sempre, os seus deveres. Se uma tal atitude, frontal, fazendo mesmo recurso a medidas afinal lastimáveis, tivesse sido assumida, antes, pela região polarizada por Coimbra (apreciei a unidade entre as CIM vizinhas), e não se teria, com certeza, chegado ao miserável estado de desrespeito político e abandono infraestrutural, logo de desenvolvimento, em que tristemente nos encontramos...

Abriu ao trânsito o troço Coimbra-Almalaguês da A13, que leva até Tomar e Setúbal. Depois de algum atraso na conclusão das obras – e, neste nosso país, de admirar é apenas ele não ter sido ainda maior –, bom seria que a delonga servisse para se aproveitar, com a resultante poupança de custos, o estaleiro entretanto erguido junto a Ceira…dando-se continuidade à autoestrada até Trouxemil, a caminho de Viseu.

A propósito da "enorme oportunidade" em que, para o Magnífico, se constitui a realização, na cidade, dos Jogos Europeus Universitários 2018, gostámos de saber que, afinal, "a Universidade de Coimbra dá grande importância ao seu património, privilegiando a sua recuperação". Pode ser que assim, e agora (deixemo-nos dos sempre aludidos grandes planos, discurso que já não serve nem para justificar os permanentes adiamentos), a reitoria possa, para além do estádio, olhar com outra atenção, por exemplo, para o tristemente abandonado Museu da Ciência, no Colégio de Jesus, que, recorde-se, faz pouco tempo, teve já mesmo aprovadas...verbas do QREN!

Quis esperar uns dias, consultando-a amiúde, para escrever sobre a nova Agenda7Coimbra, agora editada pela Câmara e Universidade. Com um grafismo agradável, de leitura simples e apelativa, a plataforma online contém suficiente (mas que importa, sempre, melhorar) informação para, de um lado, nos motivar a uma maior presença na vida cultural e artística da cidade, por outro, para acabar, de vez, com a esfarrapada desculpa de desconhecimento dos programas em que se refugia quem muito critica mas pouco participa. Confiemos, entretanto, ao contrário de outras experiências, na boa continuidade do projeto. Porque, de facto "Coimbra acontece todos os dias"...

Uma vereadora supostamente social-democrata transferiu-se, não interessa quem nem onde, para uma até então oposta maioria (relativa) aparentemente socialista. De reter, apenas, se ainda tivéssemos dúvidas, é o ponto a que chegámos em termos de postura na política. Antes, sobretudo a nível central, agora, pelos vistos, também, ombro com ombro, no âmbito local. De facto, quem não tem vergonha – e já nem quero falar em valores, em princípios, em deontologia, em ética – todo o mundo é seu!

Admito que o trabalho realizado pelos sapadores florestais seja, porventura, menos visível para o munícipe não tão atento. Como, aliás, acontecia comigo, sobretudo até me aperceber da valia estrutural, mas também estética, da limpeza feita na António Portugal, em zona verde entre o cruzamento para a Quinta de S. Jerónimo e a Cooperativa de Habitação do Mondego. Embora algo atrasado, o meu obrigado.

Duplamente legitimado, pelas urnas e pelo tribunal, como dizia, com graça, o novo presidente da AAC, depois de pública vergonha, Bruno Matias lá tomou posse, enfim, do cargo; aplauso para a colocação, a bem da segurança rodoviária, de "olhos de gato" em muitas passadeiras da cidade; Coimbra, com candidatura pouco preparada, perdeu para Lisboa uma presença na final da "Mayors Challange", iniciativa na área do aproveitamento energético que poderia valer cinco milhões de euros; corre-se hoje, ao derredor do Mondego, divertida, a Colour Run; destaque para os premiados vinhos da Adega Cooperativa de Cantanhede; parece que os vizinhos espanhóis, graças a Deus, redescobriram Coimbra nos seus caminhos pascais; e depois de aprovada, com os votos favoráveis da maioria socialista, a (pouco) nova estrutura orgânica camarária, ficamos agora à espera da habitual dança de nomes...

António Cabral de Oliveira

A 19 de abril ACO escreveu ...

RIO ACIMA, SEM MOTOR

Depois das fusões em Lisboa, parece que vem aí, agrupando as faculdades do Porto, Minho e de Trás-os-Montes e Alto Douro, a Universidade do Norte. Por cá, igualmente condenados, receio-o, a tais políticas concentracionistas, espero que não surja a Universidade das Beiras, antes a Universidades da Beira. Porque não se pode perder, evidentemente, o estatuto dos velhos Estudos Gerais, o património acumulado do nome Coimbra que, se designa a rede das mais antigas e prestigiadas escolas europeias e abriga, também, o grupo das brasileiras mais representativas...

Tem sido grande a polémica sobre as próximas comemorações do 40º aniversário do 25 de Abril. Por um lado porque se terão delineado apenas celebrações envergonhadas, de outro porque não há dinheiro para grandes iniciativas. Mas não estejam preocupados aqueles que, sobretudo, procuram palco. É que, e enquanto contributo para o aligeirar da "gravíssima” questão, permitam-me lembrar que a efeméride ocorre, este ano, a uma sexta-feira, o que levará, em fim de semana assim prolongado, a haver muitos mais interessados em atividades outras, de lazer, que não, lamentavelmente, na celebração da Liberdade. Sejam quais forem, mais ou menos ricas, as programações, neste país onde já se dá maior privilégio a uma economia forte e à segurança (e a continuidade da crise não nos levará a melhores portos), quantos se empenham, afinal, em valores fundamentais, mas exigentes?

Receio ser cansativo por tanto teimar na questão do propósito governamental (também regional) de progressivo apagamento de Coimbra. Mas é absolutamente deprimente, também intolerável, olhando a vasta lista das apostas do executivo central para as infraestruturas prioritárias, que a única referência à cidade, e logo no setor rodoviário – que parece condenado a nenhum apoio por parte dos fundos comunitários – seja o novo IP 3 que ligará(?), a haver interesse de privados, a Viseu. Nada sobre o metro Mondego, sobre a Estação Velha, ou a construção da terceira via férrea entre Alfarelos e a Pampilhosa, quanto aos IC da Serra da Estela que levarão à Covilhã, menos ainda no que refere ao aeroporto de Monte Real, que nos devia pôr o avião mais próximo. Enfim, a dimensão, exata, da nossa inexistência política, da nossa nula influência nos corredores do poder...

O novo PDM foi finalmente aprovado pela Câmara, por maioria, subindo agora (ou descendo?) à Assembleia Municipal para ratificação. O importante documento, revisto após 20 anos de vigência, procura promover, queira Deus, a reabilitação urbana e a salvaguarda do património cultural e ambiental, com privilégio para a área classificada como património mundial.

Na reunião plenária do executivo verificou-se uma saudável convergência interpartidária no repúdio às afrontas que têm vindo a ser perpetradas contra Coimbra, também em relação aos desafios futuros como a organização dos Jogos Europeus Universitários 2018. Pena a intervenção do presidente quando quis puxar apenas para si – leia-se a atual maioria socialista – uma vitória que obviamente vem de trás, e se vai concretizar, com ou sem Machado, já no próximo mandato...

O ministério da Educação estará a equacionar o encerramento de (pelo menos) mais 439 escolas primárias que têm um mínimo de 21 alunos, decisão política que, na Beira, afetará sobretudo terras de Viseu e de Leiria. Depois das razias anteriores, resta a dúvida sobre se o modelo procura replicar os novos tribunais, ficando apenas uma por distrito – seja ele o que for em termos administrativos –, ou se esta é uma outra medida do governo na luta contra...a quebra demográfica e a desertificação do território!

A queda de um beiral em prédio junto à Sé Velha é prova de que obras de fachada são só recomendáveis para a vista; os Bombeiros Voluntários celebraram, efeméride relevante, ainda sem o início da concretização do novo quartel, sequer o lançamento simbólico de uma qualquer primeira pedra, o seu 125º aniversário; a Figueira da Foz volta a ter, em setembro, não o excelente Festival Internacional, mas, do mal o menos, um festival de cinema; parabéns às premiadas bailarinas do Centro Norton de Matos e do Colégio Rainha Santa, também aos alunos de canto do Conservatório; o Gil Vicente recebe, de 21 a 23, a Festa do Cinema Italiano; e de boca ainda doce pela Festa da Arrufada que, com grande êxito em termos de adesão popular, o Grupo Etnográfico da Região de Coimbra organizou na Baixa, amêndoas e Boa Páscoa para todos.

António Cabral de Oliveira